6º e 9º mandamentos – Não pecarás contra a castidade e não cobiçarás a mulher do próximo

Sexto e Nono Mandamentos

Não pecar contra a Castidade

Não desejar a mulher do próximo

 

No Céu seremos semelhantes aos anjos! Ousada afirmação… Entretanto, ela proveio dos divinos lábios de nosso Salvador. Discutindo com os saduceus, Cristo revelou-nos que, após a gloriosa ressurreição dos corpos, “os homens […] serão como os anjos de Deus no céu” (Mt 22,30). Sem dúvida, essa passagem do Evangelho deixa transparecer o quanto a Castidade será a virtude que mais nos assemelhará aos puros espíritos.

A palavra castidade indica etimologicamente o castigo que devemos infligir aos desregramentos da carne, dominando-a por meio da nossa inteligência, como se faz com uma criança caprichosa (Cf. S. Th. II-II q. 151, a.1). Entendida geralmente como a abstinência dos prazeres ilícitos, fora das vias legítimas do matrimônio, a Castidade é a harmonia interior do coração, pela qual a alma governa o corpo. Sem embargo, ela não se restringe a isso. Há certa propensão da alma aos apegos terrenos, que pede também a prática de uma Castidade espiritual (Cf. S. Th. II-II q. 151, a.2). Por meio da Pureza de intenção, “que consiste em ter em vista o fim verdadeiro do homem, […] o batizado procura encontrar e realizar a vontade de Deus em todas as coisas; pela pureza do olhar, exterior e interior; pela disciplina dos sentimentos e da imaginação; pela recusa de toda complacência nos pensamentos impuros que tendem a desviar do caminho dos mandamentos divinos”, todo cristão “é chamado a levar uma vida casta, cada um segundo seu estado de vida próprio” (CIC 2520, 2394).

 No Antigo Testamento, Deus proibiu os pecados contra a virtude angélica, tanto exterior quanto interiormente, prescrevendo no Sexto e Nono Mandamentos: “Não cometerás adultério” e “Não cobiçarás a mulher de teu próximo” (Ex 20,14;17).

 No Novo Testamento, Nosso Senhor trouxe novamente à memória dos homens o desígnio de Deus ao constituir a união matrimonial: “Nunca lestes que o Criador, desde o princípio os fez homem e mulher, e disse: ‘Por isso, o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher; e os dois formarão uma só carne’? De modo que eles já não são dois, mas uma só carne. Portanto, não separe o homem o que Deus uniu” (Mt 19,4-6). Ao mesmo tempo, Ele veio esclarecendo o caráter interior da Pureza, em meio a uma geração que geralmente o ignorava: “Eu vos digo: todo aquele que olhar para uma mulher com o desejo de possuí-la, já pecou com ela em seu coração(Mt 5,28). Nascendo de Maria Imaculada, tendo por pai legal o castíssimo São José e mostrando especial predileção por São João, o apóstolo virgem, Jesus abriu um horizonte novo: a Castidade perfeita. Em certa ocasião, pregando sobre a condição dos que abraçam essa via “por amor do Reino dos Céus” (Mt 19,12), Ele deixou claro que “nem todos são capazes de compreender isso, mas somente aqueles a quem é concedido” (Mt 19,11). Alta manifestação do amor de Deus é o chamado ao celibato, o qual recebe sublime recompensa: porque seguiram na terra os passos virginais de Cristo, segui-lo-ão de perto na eternidade: “Estavam diante do trono, diante dos quatro Seres vivos e dos Anciãos, e cantavam um cântico novo. Era um cântico que ninguém podia aprender; só os […] que foram resgatados da terra […], pois são virgens. Foram resgatados do meio da humanidade, como primeira oferta a Deus e ao Cordeiro. […] São íntegros!” (Ap 14, 3-5). A virgindade consagrada procura cumprir, no corpo, o conselho contido nesta Bem-aventurança: “Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus” (Mt 5,8). Esta divina promessa se refere àqueles “que entregaram o coração e a inteligência às exigências da santidade de Deus, principalmente em três campos: a caridade, a castidade […] e o amor à verdade” (CIC 2518). Foi-nos assim revelado pelo Divino Mestre um meio seguro para conservar íntegra a virtude: a guarda do coração. Porque “é do interior do coração dos homens que saem as más intenções […]. Todas essas coisas saem de dentro e tornam impuro o homem” (Mc 7,21;23), e “Deus não nos chamou para a impureza, mas para a santidade” (1Ts 4,7).

 As principais Virtudes requeridas para a prática deste mandamento são quatro.

A Castidade (virginal, conjugal ou dos viúvos), anexa à Temperança, modera e contém os apetites carnais. A perfeita prática da Castidade só nos é possível com o auxílio da graça, da oração, da frequência assídua aos Sacramentos e, em especial, do amparo da Santíssima Virgem.

A virtude da Prudência aguça nossa vigilância contra as tentações e nos ajuda a fugir do ócio e das ocasiões de pecado.

A Humildade alcança-nos de Deus as graças para preservarmos a Pureza de coração, uma vez que “Deus resiste aos soberbos e dá graças aos humildes” (Tg 4,6).

A Fortaleza é uma virtude preponderante no homem puro, pois a resolução de praticar a Castidade, enfrentando as tentações de toda uma vida, é ato de altíssima coragem.

 Os pecados que violam este preceito voltam-se contra a Castidade: o Sexto Mandamento proíbe os pecados de luxúria tais como as ações impuras, olhares, escritos ou palavras inconvenientes, enquanto o Nono, proíbe os pensamentos e desejos ilícitos. Os pecados contra a Castidade não comportam matéria leve, pois, “por insignificante que seja o ato desordenado, é sempre grave. Só pode dar-se o pecado venial por falta de suficiente advertência ou de pleno consentimento” (Sada e Monroy, 1998, p. 199).

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