A história da medalha milagrosa ( 4 )
História das aparições de Nossa Senhora das Graças, em uma pequena sequência de posts, por ocasião de sua celebração litúrgica (27/11).
Continuação:
A cunhagem das primeiras medalhas
Encerrava-se assim o ciclo das aparições da Santíssima Virgem a Santa Catarina. Esta, entretanto, recebeu uma consoladora mensagem: “Minha filha, doravante não mais me verás, porém ouvirás minha voz durante tuas orações”. Tudo quanto presenciara e lhe fora transmitido, Santa Catarina relatou ao seu diretor espiritual, o Padre Aladel, que muito hesitou em lhe dar crédito. Ele considerava uma sonhadora, visionária e alucinada essa noviça que tudo lhe confiava e insistentemente implorava:
– Nossa Senhora quer isto… Nossa Senhora está descontente… é preciso cunhar a medalha!
Dois anos de tormento se passaram. Por fim, o Padre Aladel resolve consultar o Arcebispo de Paris, Dom Quelen, que o encoraja a levar adiante esse santo empreendimento. Só então encomenda à Casa Vachette as primeiras vinte mil medalhas. A cunhagem já ia começar, quando uma epidemia de cólera, vinda da Rússia através da Polônia, irrompeu em Paris em 26 de março de 1832, espalhando a morte e a calamidade. A devastação foi tal que, num único dia, registraram-se 861 vítimas fatais, sendo que o total de óbitos elevou-se a mais de vinte mil.
As descrições da época são aterradoras: o corpo de um homem em perfeitas condições de saúde reduzia-se ao estado de esqueleto em apenas quatro ou cinco horas. Quase num piscar de olhos, jovens cheios de vida tomavam o aspecto de velhos carcomidos, e logo depois não eram senão horripilantes cadáveres.
Nos últimos dias de maio, quando a epidemia pareceu recuar, iniciou-se de fato a cunhagem das medalhas. Todavia, na segunda quinzena de junho, novo surto da tremenda enfermidade lançava uma vez mais o pânico entre o povo. Finalmente, a Casa Vachette entregou no dia 30 desse mês as primeiras 1500 medalhas, que logo foram distribuídas pelas Filhas da Caridade e abriram um interminável cortejo de graças e milagres.
Conversão do jovem Ratisbonne
Os prodígios da misericórdia divina operados através da Medalha correram de boca em boca por toda a França. Em poucos anos, já se difundia pelo mundo inteiro a notícia de que Nossa Senhora havia indicado pessoalmente a uma freira, Filha da Caridade, o modelo de uma medalha que mereceu imediatamente o nome de “Milagrosa”, pois imensos e copiosos eram os favores celestiais alcançados pelos que a usavam com confiança, segundo a promessa da Santíssima Virgem.
Em 1839, mais de dez milhões de medalhas já circulavam pelos cinco continentes, e os registros de milagres chegavam de todos os lados: Estados Unidos, Polônia, China, Etiópia…
Nenhum, porém, causou tanta surpresa e admiração quanto o noticiado pela imprensa em 1842: um jovem banqueiro, aparentado com a riquíssima família Rotschild, judeu de raça e religião, indo a Roma com olhos críticos em relação à Fé Católica, converteu-se subitamente na Igreja de Santo André delle Fratte. A Santíssima Virgem lhe aparecera com as mesmas características da Medalha Milagrosa: “Ela nada disse, mas eu compreendi tudo”, declarou Afonso Tobias Ratisbonne, que logo rompeu um promissor noivado e se tornou, no mesmo ano, noviço jesuíta. Mais tarde se ordenou sacerdote e prestou relevantes serviços à Santa Igreja, sob o nome de Padre Afonso Maria Ratisbonne.
Quatro dias antes de sua feliz conversão, o jovem israelita aceitara, por bravata, a imposição de seu amigo, o Barão de Bussières: prometera rezar todo dia um Lembrai-vos (conhecida oração composta por São Bernardo) e levar ao pescoço uma Medalha Milagrosa. E ele a trazia consigo quando Nossa Senhora lhe apareceu…
Essa espetacular conversão comoveu toda a aristocracia européia e teve repercussão mundial, tornando ainda mais conhecida, procurada e venerada a Medalha Milagrosa. Entretanto, ninguém – nem a Superiora da rue du Bac e nem mesmo o Papa – sabia quem era a religiosa escolhida por Nossa Senhora para canal de tantas graças. Ninguém… exceto o Padre Aladel, que envolvia tudo no anonimato. Por humildade, Santa Catarina Labouré manteve durante toda a vida uma absoluta discrição, jamais deixando transparecer o celeste privilégio com que fora contemplada.
Para ela importava apenas a difusão da medalha: era sua missão… e estava cumprida!
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