Heroísmo, a chave da felicidade!
Heroísmo. Palavra que faz-nos vibrar a alma! Palavra, que fez vibrar a alma dos bem-aventurados que se encontram no Céu! Com certeza, não é algo que se refira a coisas palpáveis, mas sim, a algo muito mais sublime, elevado e sereno.
Diz-nos Aristóteles que o homem é composto de corpo e alma, e a Santa doutrina da Igreja sublima isto quando deita sua luz, através das Sagradas Escrituras, afirmando que o homem é imagem e semelhança de Deus. Sendo o homem dotado de inteligência, vontade e sensibilidade, ele deve utilizar estas faculdades que Deus lhe deu para atender às necessidades do corpo e, sobretudo da alma, uma vez que é esta que nos assemelha mais a Deus, por ser Ele imaterial.
Acontece que após o pecado original a integridade do homem foi perdida e consequentemente houve um desordenamento dos desejos do homem. A preocupação com o material sobrepujou o espiritual, basta ver que sentimos em nós constantemente inclinações ao mal e temos de lutar para poder evitá-las. Uma vez que assim sucedeu, o homem passa a ter na terra uma luta contínua entre matéria e espírito, corpo e alma, daí as palavras de Jó: militia este vitam homini super terram; a vida do homem é uma luta sobre a terra. (Jo 5,16)
Ora, que é esta luta? Conservar a imagem de Deus na própria alma, sobretudo quando após a Redenção recebemos gratuitamente a própria vida divina em nossas almas, que é o estado de graça. Daí entendermos as palavras do Professor Plinio Corrêa de Oliveira:
O verdadeiro ideal é aquele que se prende ao Fim supremo, ao Ideal supremo, O Ideal supremo é fazer a vontade de Deus, porque Deus é que é santo, Deus é que é infinito. Deus é que é sábio, Deus é Quem sabe o que convém. O verdadeiro Ideal é fazer a vontade de Deus.[1]
E este é o significado do verdadeiro ideal, e com isso compreenderemos o que é um herói.
Para podermos entender, e ter o conceito certo do que é um herói de verdade, é muito simples, basta saber as características do verdadeiro heroísmo: o heroísmo é a atitude pela qual o homem enfrenta qualquer infortúnio ou um enorme sofrimento. Quando se diz que alguém é um herói, como que reluz com uma “luminosidade” especial, algo sai da palavra e toca o fundo da alma. O que é um herói? Herói é aquele que, colocado diante de um alto dever, o cumpre até o fim! As palavras herói e heroísmo não são tão fáceis de definir.
No fundo, o que vem a ser um santo?
É um herói! Herói de vitórias ganhas sobre si mesmo. O santo é o exemplo sublime e encorajante de quanto é capaz a vontade humana. É o selo posto em nossa Fé inabalável no alto destino moral da humanidade. É o modelo vivificante das grandes vitórias intimas e das altas tendências que inspiram as gerações através dos séculos. Santo é aquele que, com uma perseverança consequente e heroica, fortifica em si mesmo a aspiração para as alturas que existe, em germe, na alma de cada um de nós. O santo, animado de uma resolução ousada, reproduz em sua alma o retrato de Jesus Cristo.[2]
Mas, não podemos nos esquecer de que, sem a oração, não conseguimos nada. Por isso o Espírito Santo é quem nos torna heróis. Entretanto é preciso ter um ideal. O que é o heroísmo? O heroísmo não é apenas o ato de estar com armas em mãos, ou um ato pelo qual se enfrenta o risco de perder a vida. Heroísmo é a disposição da alma de aguentar qualquer grande sofrimento, por amor a Nossa Senhora.
Para que o heroísmo se realize são necessários três pontos: o primeiro, é o ideal. Ideal não é qualquer ideia, mas é uma ideia movida pelo amor.
O segundo ponto, é o sofrimento, pelo qual toda pessoa passa neste vale de lágrimas, e que terá de superar, sem choramingo e fisionomia de que está passando por tribulações, nem uma fimbria de pena de si; tudo suportando com o olhar fixo no fim último, com a esperança da vitória, aguentando tudo o que der e vier, para a maior glória de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Quanto mais difícil é algo para fazer, tanto mais o heroísmo consiste em tomar o hábito de fazer, de maneira tal que, embora difícil, se transforme numa segunda natureza. Aí houve uma renúncia completa, houve dedicação inteira, houve heroísmo que se firmou. Para isto, é preciso que o hábito seja tal que nem o estranhe mais e o faça com toda a naturalidade. [3]
E o terceiro, é a sublimidade. Tem que ser por algo sublime, que esteja voltado para coisas elevadas, que faça bem às almas, levando-as para o Céu. Podemos então concluir que há uma relação muito próxima, quase uma identidade entre amor à cruz, ou seja, santidade e heroísmo, o que por outras palavras afirma o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira:
Não há coisa mais adequada para conferir nobreza à alma do que o sofrimento; e não pode haver nobreza para a alma sem sofrimentos.[4]
E com outra formulação expressa também o mesmo São Luís Grignion de Montfort:
Sem a cruz a alma se torna vagarosa, mole, covarde e sem coração. A cruz a torna fervorosa e cheia de vigor. Quando nada sofremos, na ignorância permanecemos. Temos inteligência quando bem sofremos.[5]
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[1] CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. A Cavalaria. São Paulo, Apostila XV. p.1.
[2]TOHT, Tihamér. Segredo de heroísmos. Trad. Joaquim Maria Lourenço. 3 ed. Portugal: Coimbra, 1967, p.72.
[3]CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. Caleidoscópio do Heroísmo. Conferência. São Paulo, 11novembro1989, p.2.
[4]CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. A alegria do sofrimento. Conferência. São Paulo, 23maio 1964.
[5]MONTFORT DE, Luís Griognion. Cântico XlX, O triunfo da Cruz-18
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