Exorcismos praticados em nome do Fundador

Quatro moças ficam possessas de forma misteriosa. Os tradicionais rituais de exorcismo da Igreja nada podem contra estes demônios, e é em nome do fundador dos Jesuítas que eles são postos para fora. Acompanhe este artigo publicado na revista católica Arautos do Evangelho, de Agosto de 2017.


Quatro damas possuídas pelo demônio

No ano 1598, quatro nobres damas de Módena foram declaradas possessas pelo demônio. Eram elas Luíza Fontana, Francisca Brancolini e Ana Brancolini, suas irmãs colaças, e Lívia, filha de Alberto Fontana, seu sobrinho. Luíza estava casada com Paulo Guidoni, Ana permanecia solteira, Francisca e Lívia eram religiosas ursulinas.

A inveja e a cólera por ver uma família possuir grandes virtudes e dar admiráveis exemplos levaram o anjo das trevas, como este revelou depois, a fazer-lhes este ultraje, na esperança de induzi-las a praticar alguma ação indigna delas. Mas Deus não permitiu que sua virtude fosse prejudicada por uma possessão que atormentou cruelmente seus corpos e lhes propiciou preciosos méritos de paciência.

Vítimas inocentes dos mais pavorosos tormentos

Os primeiros efeitos sentidos por elas foram estranhas enfermidades que as obrigaram a fazer frequentes e dispendiosas consultas aos mais hábeis médicos. Tudo em vão, porque essas infortunadas passavam de um mal para outro inteiramente contrário, de modo tão repentino que do primeiro não restava traço algum, da mesma forma como nenhum sintoma precedia o segundo: num dia estavam elas em plena saúde, no dia seguinte, no extremo oposto; em certo momento levantavam-se subitamente ressuscitadas, um instante depois recaíam em novos e estranhos acidentes. Quando se recorria a objetos bentos, o mal cedia no ponto onde eram aplicados, mas reaparecia alhures, apenas mudava de lugar.

Além dos sofrimentos corporais, essas damas eram afligidas pelo mais cruel gênero de tentações para almas tão puras, um tormento muito superior aos tormentos físicos. O próprio Senhor, porém, as guardava e as mantinha sem mancha; os demônios, sem poder nada mais, faziam-nas pronunciar as mais odiosas imprecações. Entregar-se à oração, coisa que dantes lhes era tão habitual, tornou-se muito penoso. Pior ainda, assistir à Missa: quando esta começava, sobrevinha-lhes um desmaio que constrangia as pessoas presentes a levá-las para fora da igreja.

Seu mais pavoroso tormento era uma tentação tão violenta de se destruir que por vezes, para escapar da vigilância umas das outras, elas se retiravam para os cômodos mais afastados da casa, e lá batiam a cabeça contra a parede ou se jogavam por terra e se maltratavam a tal ponto que, ao ouvir o ruído dos golpes e os gritos que lhes escapavam, as pessoas acorriam a socorrê-las.

Tomada de súbito furor, a que era casada correu certa vez até o ponto mais alto da casa, para de lá jogar-se na rua; mas Deus permitiu que seu marido, percebendo sua intenção, corresse atrás e chegasse a tempo de segurá-la. O demônio que a movia a procurar assim a morte jogou-a por terra com tanta violência que ela aí permaneceu desmaiada.

Um quadro de Santo Inácio aterroriza os espíritos infernais

Santo Inácio de Loyola

Procurou-se então nos meios ordinariamente empregados pela Igreja o remédio para essas violentas manifestações. Foram chamados o Pe. P. F. Benoît Merla, dominicano, e o Pe. Jerônimo Fontani, jesuíta; o primeiro, como chefe dos exorcistas, e o segundo como parente das infelizes mulheres. Contudo, por mais que estes fizessem para descobrir se elas estavam de fato possessas, não obtiveram nenhum sinal positivo. Entretanto, num dia em que os dois sacerdotes exorcizavam as enfermas, o Pe. Jerônimo Bondinari, jesuíta, confessor delas, entrou discretamente no local e fixou na parede um quadro do Pe. Inácio.

Nesse momento a presença dos demônios se fez sentir pelo estado de agitação e de furor ao qual eles reduziram aquelas infortunadas. Pelas suas bocas, perguntavam ao Pe. Jerônimo por que tinha ele trazido a imagem daquele fundador que eles detestavam, e contra o qual começaram a vomitar as mais grosseiras injúrias. Em seguida, encorajavam-se uns aos outros a não se deixarem vencer, eles, tão numerosos, por um só homem, além do mais, coxo, calvo e quase cego – era assim que eles designavam Inácio. Nenhum deles devia ser covarde a ponto de abandonar aquela que possuía. Um deles, entretanto, mais aterrorizado à vista do quadro de Santo Inácio do que animado pelos incentivos de seus comparsas, fugiu, deixando quase morta a infeliz moça. Quando esta recuperou os sentidos, disse que havia visto perto dela Santo Inácio que a encorajava e lhe prometia inteira libertação.

Confusão e tumulto perante uma relíquia do Santo

Uma vez descobertos, os espíritos infernais não temeram mais dar inequívocos sinais de sua presença, como o de falar várias línguas, sobretudo latim, árabe e uma espécie de dialeto igualmente ignorado pelas pobres mulheres; de relatar, como se os vissem, fatos que então aconteciam bem longe dali; de reconhecer relíquias que elas não sabiam de onde provinham; e outros sinais não menos seguros.

Estando assim bem constatada a possessão, empregaram-se os mais poderosos recursos para libertar as quatro damas. Elas foram conduzidas a Nossa Senhora de Reggio, a Santa Águeda de Sorbera, ao túmulo de São Geminiano, três famosos lugares de peregrinação, sobretudo tendo em vista sua infeliz situação. Inteiramente sem resultado. Então, tendo notado que só de ouvir o nome de Inácio os demônios se agitavam, e que à simples vista de sua imagem uma tropa de espíritos infernais tinha fugido apavorada, elas depositaram nele daí em diante toda a sua esperança e se comprometeram por voto a celebrar todo ano sua festa e a jejuar na véspera.

Sua confiança e sua esperança cresceram quando chegou à sua casa uma relíquia do Santo, enviada de Roma. Ela causou nos demônios tanta confusão e tumulto que eles, amaldiçoando quem a tinha enviado, gritavam enfurecidos que chegara o homem que ia expulsá-los daquela casa. No mesmo dia isto se confirmou, pois o chefe daquele bando infernal, o qual demonstrava mais atrevimento e coragem do que os outros, após ter dito que não temia nem Inácio nem seus semelhantes, e que não recuaria diante dele, mudou subitamente de linguagem e exclamou, gemendo e tremendo: “Ai de mim! Ai de mim! Não, não pode ser assim! Sai desse osso (fazendo alusão à relíquia) uma chama que me queima e me devora! Não posso mais suportá-la: Inácio me expulsa!” Repetiu três vezes estas últimas palavras e acrescentou que logo se veria operar outros milagres em seu nome, e que os demônios seriam forçados a contribuir perante o Santo Padre para a sua canonização. Dizendo isto, fugiu.

São os méritos de Inácio que me expulsam”

Outro deles começou a vomitar novas injúrias contra Inácio, a jurar que nada conseguiria expulsá-lo, a zombar da covardia de seus comparsas que haviam fugido. Mas, em meio a esses protestos, sentindo-se forçado a fugir, lançou-se de joelhos diante de um espinho da santa coroa do Salvador, venerada naquela casa, e gritou: “Se saio desta mulher, não é Inácio que me obriga, quero deixar isto claro, é este espinho, cujo poder supera o meu”. Entretanto, assim falando, ele não se afastava. Por fim, deu um espantoso grito, arrastou-se de joelhos até à imagem do Santo e lá, prosternado, disse: “Sob coação, confesso: são os méritos de Inácio que me expulsam”. E no mesmo instante…

fonte: Arautos e fotos

Continua num próximo post…

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