Santo Antônio salva o seu pai da forca….

Um homem foi morto em um assalto, próximo à casa do senhor Martinho de Bulhões, pai de Santo Antônio. Os assassinos enterraram o corpo da vítima no quintal de Martinho, sem que o mesmo ficasse sabendo. Passados poucos dias, foi descoberto pela Justiça do local o corpo no terreno do inocente fidalgo e este foi acusado pelo crime. Não tendo como se defender das acusações, tal eram as evidências de sua culpa, dado a forma como foi encontrado o corpo, ficou vários meses preso e, finalmente, estava sendo julgado e com toda certeza seria condenado à morte de forca.

Santo Antônio de modo inexplicável foi avisado do que se passava com seu pai – talvez tenha sido seu Anjo da Guarda que lhe comunicara o fato. Logo após tomar conhecimento do apuro em que se encontrava seu progenitor, o santo foi sem demoras pedir ao superior do convento que o deixasse sair de Pádua por um curto período de tempo. Tendo recebido a dita autorização, num instante, de modo miraculoso, se encontrava em Lisboa, indo diretamente ao tribunal, onde tomou a defesa de seu inocente e querido pai. Os juízes ficaram – bem podem imaginar – estupefatos com a aparição de tão nobre e inusitado advogado e com a segurança com que ele falava, mas não foi o suficiente para se convencerem da inocência do pobre réu, tantas eram as provas que tinham de que o crime era de sua autoria.
Como faltassem testemunhas a favor do pai, propôs o Santo interrogar a vítima que – como se devem lembrar – estava morta há muitos dias… Os juízes e demais assistentes, surpresos com a ideia, se puseram a ridicularizar santo Antônio. Apesar de tudo, Frei Antônio manteve-se firme com a proposta, e as autoridades movidas pela curiosidade aceitaram ir até à sepultura do morto para interrogá-lo…
Chegando ao cemitério, santo Antônio mandou que desenterrassem e abrissem o caixão da vítima. Feito isso o santo deu a seguinte ordem:

“Pelo Deus que te criou te ordeno: diga se foi este homem que acusam o causador de sua morte.”

No mesmo instante o morto se levantou, tal qual um vivo, e disse:

“Martinho de Bulhões é inocente de meu sangue.”

Tendo pronunciado a defesa do réu, deitou-se na sepultura, permanecendo como estava: morto.

Os juízes tomados de medo e admiração pela cena que acabavam de presenciar, decretaram inocente o pai de santo Antônio e o deixaram partir para sua casa imediatamente. Santo Antônio, após ter salvo a vida do pai, voltou de forma igualmente miraculosa para seu convento, onde continuou cumprindo seus deveres de religioso o restante do dia, como se nada tivesse acontecido. Magnífico exemplo de santidade e humildade.

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