Dulce dos Pobres

Marco decisivo na vida de Maria Rita.

A menina Maria Rita (Irmã Dulce, ou Dulce dos Pobres) nasceu em Salvador, na Bahia, no dia 26 de maio de 1914, em uma família cristã. Filha do dentista Augusto Lopes Pontes e de Dulce Maria.

Certo dia, sua tia Madaleninha — que havia ajudado muito o Dr. Augusto depois da morte de Dona Dulce — chamou Maria Rita para uma conversa. A tia estava preocupada, achando que já era hora de Maria Rita passar a se comportar como uma moça, com mais responsabilidade, sem pensar apenas em divertimentos. Obediente, ela concordou em acompanhar a tia na visita que esta faria aos indigentes, após a missa no domingo.

As duas participaram, então, da reunião do Apostolado do Coração de Jesus e depois foram ao bairro Tororó, um lugar muito pobre na Baixa dos Sapateiros. Andaram por ruas sujas e estreitas, entraram em casebres, distribuíram alimentos e remédios.

Aquele foi um dia decisivo na vida de Maria Rita. Algo mudou em seu coração naquele domingo. No dia seguinte, ela procurou a tia e disse: “Tia Madaleninha, quero ir novamente com a Sra. no próximo domingo.”

Com o tempo, além de ir visitar os necessitados, ela passou a recebê-los também em seu próprio lar, onde distribuía alimentos, fazia curativos e dava remédios.

Vocação religiosa e dificuldades com a família.

Maria Rita e sua tia costumavam frequentar o convento de Santa Clara do Desterro, das Irmãs Franciscanas. Por causa disso, pouco a pouco começou a nascer no coração da moça o desejo de também se tornar religiosa. A duas conversaram com a superiora do convento.

Alguns dias depois, a freira foi visitar Dr. Augusto e conversaram sobre a decisão da moça. Ao saber que a filha pretendia entrar para o convento, ele ficou muito surpreso. O pai e os irmãos de Maria Rita achavam que ela devia continuar os estudos e casar-se.

Não querendo contrariar a família, Maria Rita se matriculou na Escola Normal, para se formar como professora. Sempre obediente, foi uma aluna dedicada, e adiou sua decisão de tornar-se freira para quando terminasse o curso.

Assim, ao se aproximar a formatura, ela mesma escreveu à superiora do convento, solicitando sua admissão como postulante. Seu irmão Geraldo descobriu e ficou muito aborrecido, mas seu pai percebeu que ela não desistiria. Então, finalmente, deu autorização para que a filha se tornasse religiosa franciscana.

Seus passos na vida Religiosa

O convento ficava na cidade de São Cristovão, no Sergipe. A vida religiosa era dura. As freiras acordavam cedo e passavam os dias em orações, trabalhos e estudos. As refeições eram simples e havia pouco tempo para diversão. Maria Rita cantava no coro e tocava harmônica. Ela estava sempre alegre e nunca se recusava a cumprir uma tarefa. Não se deixava abater pelo cansaço nem por qualquer incômodo, esforçando-se para ajudar as outras postulantes.

No dia 15 de agosto de 1933, Maria Rita foi admitida como noviça. Naquele tempo as moças recebiam um novo nome ao entrarem na vida religiosa, e ela passou a ser chamada de Irmã Dulce, em homenagem à sua falecida mãe. Em 15 de agosto de 1934, a Irmã Dulce fez seus primeiros votos como religiosa.

Obediência e flexibilidade ao exercer suas funções.

Nesta ocasião ficou sabendo que voltaria para Salvador, com a missão de trabalhar no Sanatório Espanhol. Começou seu trabalho no Sanatório, realizando primeiramente tarefas simples de limpeza e arrumação. Mas, pouco depois, os diretores do hospital reconheceram que ela era muito dedicada e capaz de prestar melhores serviços. Então, sugeriram que ela fizesse um curso de farmácia.

Irmã Dulce passou a se dedicar ao seu curso, aos doentes e ao hospital, sentindo que assim realizava uma parte da missão para a qual Deus a tinha chamado.

Acontece que, naquele ano, sua ordem havia começado a administrar um colégio, o Santa Bernadete. Como o número de alunos crescia, sua superiora achou melhor transferi-la do hospital para a escola.

Embora lhe causasse tristeza ter de deixar os “seus” doentes queridos, Irmã Dulce obedeceu com boa vontade e tentou cumprir sua nova tarefa da melhor maneira possível.

Irmã Dulce se alegrava e se animava muito quando, à tarde, junto com algumas moças e outras religiosas, saía para evangelizar a população que morava próximo ao colégio. Então, a trocaram novamente de serviço. Ela deixou de dar aulas e ficou encarregada de catequizar as crianças e os jovens da região, além de prestar ajuda aos mais pobres.

Irmã Dulce dedicou-se de corpo e alma a essa tarefa, trabalhava sem descanso e começou a organizar um curso noturno para os operários. Também conseguiu autorização dos donos das fábricas para dar aulas de catecismo aos trabalhadores durante o horário de almoço.

Ânimo e bondade, humilhações e desprezos nas obras de evangelização e de assistência aos pobres.

Irmã Dulce tratava pessoalmente dos doentes, e tinha um carinho muito especial com os que chegavam num estado tão ruim, que ninguém queria cuidar deles. Ela limpava as feridas, dava banho, trocava roupas e os alimentava.

Essas pessoas, tão maltratadas pelo mundo, às vezes tinham até dificuldade em receber tanto desvelo e atenção. Assim, certa noite em que ela estava dando sopa a um doente, este jogou o prato sobre ela. Irmã Dulce, cheia de compreensão e afeto, não se zangou nem perdeu a paciência. Pelo contrário, agradeceu e disse que havia recebido a sua sopa, mas que, por favor, ele agora tomasse a dele, pois precisava se alimentar bem para melhorar.

Essas demonstrações de ânimo e bondade eram constantes no dia a dia da Irmã Dulce. Mas, não devemos nos enganar: ela enfrentava muitas dificuldades para manter todas as suas obras de evangelização e de assistência aos pobres. Além dos cansaços e sofrimentos físicos, passou também por humilhações e desprezos. Por exemplo, certa vez ela entrou numa loja para pedir doações de roupa e, quando se dirigiu ao proprietário, este ficou com raiva e cuspiu na mão dela! Com um sorriso, Irmã Dulce disse que ele já havia dado o que ela merecia, e perguntou se agora poderia oferecer alguma coisa para os pobres.

E, apesar dos descasos, no fim ninguém conseguia resistir àquela Irmã cheia de amor cristão, inteiramente dedicada a fazer o bem aos necessitados. Prova disso é que o mesmo comerciante que cuspiu na mão dela, deu-lhe um grande donativo e se tornou um colaborador e amigo da sua obra.

O anjo bom da Bahia

Por seu incansável serviço de evangelização junto às pessoas mais carentes, Irmã Dulce tornou-se conhecida não só em Salvador, na Bahia, mas em todo o Brasil e no mundo. Seu imenso amor a Jesus e aos pobres a fazia continuar sempre em frente e a vencer todos os obstáculos. Em cada doente, em cada pobre ou faminto, ela via Jesus. E se amava o Cristo, como não amar os indigentes? Servi-los, era servir ao próprio Jesus. Ela não podia viver de outra forma, pois seu coração era todo de Deus e do próximo.

Assim viveu e morreu Irmã Dulce. Após 50 anos de contínuos trabalhos em favor dos necessitados, o “anjo bom da Bahia” (como era chamada) partiu para o Céu na tarde do dia 13 de março de 1992. Tinha 77 anos. Em 10 de dezembro de 2010 seu decreto de beatificação foi assinado pelo papa Bento XVI.

Exemplos de vida

 

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